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PMDB, CÂNCER DO BRASIL

Gilson Santos Jornalista Profissional 18229/MG

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Intrigou-me sempre a questão insana de saber o que leva um sujeito a entrar no PMDB. O que passa na cabeça desse cara ao fazer parte deste bando de gangsteres? Como é que esse sujeito é visto pelos amigos e vizinhos? Não adianta rezar. Esse câncer autorregulado é uma metástase que se espraia desde 1964. Sim, há que se fazer distinção, mas essa é muito tênue, imperceptível, por exemplo, o PMDB do Requião é do bem? E o PMDB de Eduardo Cunha monopoliza o mal? Fato é que enquanto existir PMDB, o voto não valerá nada. O candidato do PMDB sabe que a pobreza tem de vender o seu voto. O voto vendido é a razão de seu sucesso.

O PMDB veio do MDB, e aí é preciso fazer a gênese da criminalidade. Ninguém percebeu com maior clarividência a malignidade do MDB do que Leonel Brizola, que dizia que esse partido não inspirava confiança. Nasceu do ventre espúrio do Golpe de 64, foi criado pelo Marechal Castelo Branco e teve inteira confiança dos golpistas. Originou-se da ala moça da UDN de Carlos Lacerda.

O gaúcho João Carlos Guaragna, biógrafo de Leonel Brizola, deixou claro que um partido norteado por Ulysses Guimarães não poderia dar grande coisa. Mistificado como senhor democrata, Ulysses Guimarães, em 8 de abril de 1964, sete dias depois do golpe militar, redigiu o Ato Institucional nº1.

Ulysses Guimarães queria que a cassação dos direitos políticos durasse quinze anos, e não dez. Esse Montesquieu do MDB não queria anistiar Leonel Brizola. Seu Guaragna tinha razão: que perversa caneta era a do dr. Ulysses. O pior de tudo é que passa como sendo janguista por ter sido ministro do governo João Goulart. A propósito, vários ministros deste governo não tinham nada de janguistas. Remember Franco Montoro e Roberto Campos.

É deste angu que saíram José Serra, Fernando Henrique Cardoso e a burguesia ilustrada do PSDB. O gaúcho Pedro Simon sabe desse enredo todo, mas nunca reconheceu que Leonel Brizola era melhor para o povo do que Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. João Carlos Guaragna conta em seu livro A Revoada do Exílio, que Pedro Simon evitava ao máximo falar com Leonel Brizola, paparicava Paulo Brossard e deixava Leonel Brizola a ver navios.

Leonel Brizola infelizmente não nos legou uma teoria sobre o partido político; destarte, nem em Karl Marx deparamos com uma reflexão sistemática sobre o partido político, a não ser a formulação de que a emancipação da classe operária teria de ser feita pela própria classe operária. A consciência desta só poderia vir da própria classe, ainda que trazida pelos intelectuais revolucionários.

A classe operária, exclusivamente com as suas próprias forças, não supera a consciência tradeunista. Lula e o PT não entenderam absolutamente nada disso, fizeram uma iconização perversa do operário: eu, metalúrgico sou a classe operária. O proletariado
c’est moi! Essa mistificação vai desaguar na “democracia republicana” do PMDB.

O PT, o PMDB e o PSDB vieram ao mundo com a urticária anti-Vargas, anti-Jango e anti-Brizola. Desqualificaram a herança populista como coisa de caudilho de direita. Nessa entrou até o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, não obstante ter sido amigo de Darcy Ribeiro. A palavra caudilho virou sinônimo de hijo de puta, mas há que se lembrar dos caudilhos libertários da América Latina, Artigas, Francia e Lopes do Paraguai. A patota petucana gosta mesmo é do Barão de Mauá, sócio de Rothschild, o capitalista precursor do pós-modernismo.

O caso emblemático de tudo o que há de herança do PMDB na política brasileira é sem dúvida o senador José Serra. O pessoal é político. Eu o conheci em 1979 na Folha de S. Paulo. José Serra ia puxar o saco de Cláudio Abramo, ele se dizia de esquerda, tinha voltado do Chile. Quando estudante, era a favor do monopólio estatal do petróleo. Mesmo que Cláudio Abramo não o considerasse um chato, tive por ele irrefreável antipatia, que certamente foi recíproca. Depois o meu repúdio foi baseado em seu papelão reacionário na vida pública. Trata-se de um exemplar a mais de um bovarismo cínico. Ele se acha, a despeito de todas as evidências cacogênicas, lindo, gostoso, bacana, inteligente e genial. Hoje José Serra está armando uma estratégia para entregar a Petrobras, baseado na telenovela chamada Lava Jato. Ouvimos nos últimos doze meses infinitas vezes na TV este bordão:

Lava Jato propina Petrobras.

Petrobras Lava Jato propina.

O objetivo da Lava Jato é desmoralizar a Petrobras. As multinacionais não querem o Dilma’s impiti. Elas querem ameaçá-la, fazer terrorismo psicológico. Chantagem. Não se preocupe com Lula, um fraco, como dizia Leonel Brizola. Basta espremê-lo à parede de seu tríplex. Lula faz tudo pela family. Malgrado o maior crime do século, que foi internacionalizar a Vale do Rio Doce, de que resultou Hiroshimariana, se for feito agora um plebiscito popular, é capaz que a opinião pública aprove que se entregue a Petrobras ao controle das multinacionais do petróleo. Depois que o plano entreguista de José Serra em relação à Petrobras for aprovado, a Lava Jato desaparecerá do mapa. Ninguém mais vai falar do impiti de Dilma. É com isso que José Serra almeja chegar à presidência da República, a despeito da oposição de Kátia Abreu, essa Rosa Luxemburgo da UDR.

O problema é que nenhum careca chegou à presidência da República. Com a entrega da Petrobras, o preço do combustível vai abaixar. É a mesma lógica diabólica e imediatista do plano cruzado e do plano real.

Vender a Petrobras é um crime contra o povo e a nacionalidade. Equívoco, como dizia Bautista Vidal, é associar a Petrobras apenas ao petróleo, que está se exaurindo e do qual todos os países querem se livrar por causa de seu caráter antiecológico.

Não nos esqueçamos de que com a Petrobras privatizada, os gringos tomarão conta da biomassa vegetal, a eterna energia do futuro que irá substituir o petróleo. Com essa sinistra operação não tenhamos dúvida de que o imperialismo terá uma sobrevida de um século ou mais.


♦ Gilberto Felisberto Vasconcellos é jornalista, sociólogo, escritor e colunista da Revista Caros Amigos. 


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